quinta-feira, fevereiro 23, 2006

PAZ AO CORAÇÃO

Quero dar um pouco de paz ao meu coração
Mas é difícil fazê-lo com sua presença
Mesmo que não estejas cá, ele pode sentir-te
De um jeito ou de outro você ficou

Não existe tempo certo nem momento justo
Problemas existirão por toda vida, solitária ou não
E o belo de resolvê-los é dividí-los
Não usá-los como escusa para algo inexplicável

Teu silêncio não tem origem em não saber falar
Mas em não saber o que falar, o que pensar, o que sentir
Sendo mais fácil deixar-me traduzir tudo isso e apenas concordar
Enganando-se no pior dos desidérios humanos...

Pela minha condição não escolho o que sinto
Não posso criar nem destruir um sentimento
Restando-me tão-somente decidir o que lhe fazer, enquanto vive
Assim, faço dele um jogo de azar, apostando no vazio

E quando este sentimento vem, quase impossível
Outra opção senão protelá-lo mais e mais
E isso corrói todo meu equilíbrio
Dentro daquilo que sempre penso controlar

Preciso mesmo desta paz, preciso me afastar
Não ser mais vítima de qualquer palavra, voz, som
Menos ainda de um toque, abraço, beijo
De tua presença que tão bem me faz

A beleza abstrata do arco-íris depende
Da pureza real do Sol e da Chuva
Por mais que sejas assim bela, encantadora
Tudo se esvai sem uma origem verdadeira e tangível

Ainda que a munição de meu sorriso seja teu olhar
Por ora tu não serás mais o alvo da sua rajada
Porque a paz de meu coração depende da vitória nessa guerra
De cada batalha para evitar seus olhos, seu sorriso, seu ser...

Luiz Eduardo Bimbatti
Milão/MI - Itállia
Fevereiro 2006