terça-feira, setembro 12, 2006

DISTÂNCIA

Que distância é essa que não nos distancia?
Que faz o tempo andar devagar e venta, venta
Deixando pasmos os tambores interiores
Que, sem escolha, solam sem platéia, e ecoam

E me permite desejar não só o principal
Mas todo o acessório, ainda que sem laços
Talvez pelo simples querer o impossível
Talvez pelo simples amar o que deve ser amado

Tanto, sempre, incondicional e abstrato
Pelo ímpeto de algo que nunca foi
Que nunca deixou de ser e será mesmo assim
Por mais que a doçura baste e ceda

Os mesmo olhos, pérolas, cobiças
Aquelas anteriores conversas e confissões
Vindos de um momento não exato e não justo
Preparados para o certo e cruel programa do destino

E que venha, vá, torne, retorne e nunca pare
Mas esteja sempre, nem que seja para inspirar
Porque um anjo se pode esquecer, mas não três
Que se fossem mais esperados, talvez não fossem

Fazem teu ventre ser mais feminino
Tornando-te mais mulher do que as comuns
Postura, atitude e comportamento fáceis
Na mais árdua tarefa entre duas mulheres numa só

Anjos que escudeiam os tristes açoites da distância
Pesados em sua descida, mas macios na subida
Ínterim suficiente para gozar de toda a lembrança
E fazê-las vácuo deste carrasco interior

Porque nada tolera o inexplicável, o injustificável
E a distância se torna algo inexistente, sem efeito
Quando o que pulsa tem frequência inatingível
E quando toda a explicação está somente dentro de nós

Luiz Eduardo Bimbatti
São Paulo/SP - Brasil
Setembro 2006