quarta-feira, novembro 30, 2005

AMOR ETTICO

Bebo o mel enamorado de amor éttico
Dessa colméia amorfa que sou
Com mais favos do que posso suportar
Mas alimentados pela mais bela flor

Produzido pelo pólen de teus olhos
Com a paciência de teus gestos
E a delicadeza de tua pele
Que traduzem toda tua doçura

Não há palavras para dizer
Nem palavras convenientes
Para o sentimento que porto por ti
No profundo de meu coração

Encontramo-nos em sonhos
De olhos abertos ou fechados
Isso é o que menos importa
Quando quem enxerga não são os olhos

Percebo este mel pelos cinco sentidos
E mesmo que não tenha perdido qualquer deles
Todos se desenvolvem absurdamente
Como se houvesse perdido todos

Pelo gosto de tuas lembranças
Pelo aroma de tuas palavras
Pelo som de tua presença
Pelo mel enamorado deste amor éttico

Luiz Eduardo Bimbatti
Milao/MI - Italia
Dezembro 2005

sexta-feira, novembro 25, 2005

CHANCE

Mais uma folha caiu e doeu
No gélido e noturno Parco Solari
Enquanto o silêncio de tuas mensagens
Ecoa no vácuo de minha espera angustiante

Tenho certeza de que você está aqui dentro
Por quê, então, evita se manifestar e aquecer?
As mãos frias que esperam o cafuné
De cabelos quentes e nuca fervorosa

Nesse tempo mais relativo que as horas
Que voa quando imagino-te num futuro incerto
Pára quando teus olhos refletem tua esperança
E vagueia quando nossos lábios são apenas um

Meus projetos mudam pela força da tua maré mediterrânea
Na intensidade da tua milanesa Lua Cheia
Com abundantes ondas adriáticas sopradas
Que não ousarei interromper, jamais

Ondas que portam este ar que há tanto não me faltava
Renascente, mas ainda sem corrente
Sabendo dos fortes ventos súbitos
Mesmo que ignore as rajadas imprevisíveis

Desta vez isso não vai se esfumaçar
Tampouco deixar de ser pela simples fumaça
Porque com ou sem ela, há fogo
Uma linda chama que quero alimentar

E não transportarei ao meu amor
Os erros de minha paixão
Nem esperarei pela pontualidade de teu sentimento
Nas lágrimas canhotas de meu destro olhar

Escolho-te, pelo que posso receber de ti
Não pelo que você pode me oferecer
Pelo teu toque que ultrapassa a minha derme
E pela beleza troiana de tua existência

Luiz Eduardo Bimbatti
Milao/MI - Italia
Novembro 2005

MADURO

Pior mágoa é aquela culposa
Cujas lágrimas não têm um alvo
Para justificar o sentimento amargo
Nem a quem imputar o nó no coração

Basta restar ali, sozinho
Sentindo o cheiro da sombra
Regurgitando o vazio da confiança
No sólido amadurecimento inevitável

Luiz Eduardo Bimbatti
Genova/GE - Italia
Outubro 2005