quarta-feira, setembro 21, 2005

BAIXO

Sou uma fortaleza humana
Com minhas muralhas da razão
Portões de lenhos da desilusão
Guardiões da emoção minotáurica

Mas todos temos nossas brechas
Deixadas por descuido escuso
As vezes com algum propósito
Muitas voltas sem qualquer lógica

E numa dessas, vacilei
Uma força pequena, baixinha, mas intensa
Desenfreada e sem rumo, vem
Olvidando o tempo, que nos é limitado

Finca seus olhos no meu não
Chumba seus beijos em meus devaneios
Crava seu sorriso em meu silêncio
Bombardeia o sentido de minhas palavras

Presença ainda indefinida
De algo que não pode ser
Não posso, não devo, não quero
Mas já esta sendo...

Conseguindo espaço no completo
Liberando sensações do vácuo
Violinando o já belo pianoforte
Cujo tremor do som desmorona-me

Mas nada me resta fazer
Uma massa, um vinho, Oscar Peterson e você
Se tudo ruir, construo novamente
Sempre começando por baixo, baixinho...

Luiz Eduardo Bimbatti
Milao/MI - Italia
Setembro 2005