quinta-feira, fevereiro 22, 2007

O SORRISO DA LUA

Hoje a Lua sorriu pra mim
Depois de tanto tempo me ignorando
Só me olhando, me escutando
Sempre imóvel, inerte, silenciosa

Ela abriu um sorriso lindo, imenso
Era dourado e brilhante e encantador
Podia quase que sentir o seu perfume
Ouvir o pulsar em suas crateras

Daí um clarão que de início pareceu-me cometa
Mas o rabo não era cauda, nem mesmo coisa parecida
E do dragão de Jorge também não havia nem sombra
Só mesmo o cavalo se via por lá, a saltar

Quando desisti de olhar pra cima veio
Um anjo loiro que chegou a galope
Desceu como uma tempestado sem freio
Pegando-me de surpresa, em cheio, no peito

Foi só o tempo de fechar os olhos e sentir o impacto
O estrago estava feito, o buraco aberto
E o anjo entrou, vasculhou, logo dominou
Não deixou um espaço sequer intacto, livre

Encheu-me com suas luz e vida
Reencantou minha paixão hibernada
Amarrou seu burrinho dentro de mim
Parece que não quer mais devolvê-lo a Jorge

E a Lua, tão distante, presente e bela
Sem Jorge, sem cavalo, sem dragão, só crateras
Ficou lá, inalcançável como eu, satisfeita
Somente olhando e sorrrindo pra mim, só pra mim...

Luiz Eduardo Bimbato
Milão/MI - Itália
Fevereiro 2007