terça-feira, novembro 09, 2004

PRISÃO

É egoísta a prisão solitária do amor
Na medida de sua ignorância
Na proporção de suas posses
Com a anuência de sua ambição

É cruel a prisão solitária do amor
Que impede o choro de outra paixão
Amorna o coração, ofusca o novo
Acomoda o peito e repete o lindo

É triste a prisão solitária do amor
Enquanto poda o próximo do próximo
Intercede quando beija a maçã pedinte
Desvia o ingênuo e evita o olhar fresco

É ingrata a prisão solitária do amor
Por não retribuir o sofrimento
Compensar o sacrifício com dor
E premiar seus próprios louros

É natural a prisão solitária do amor
Diminui os braços e abraços do mundo
Devasta qualquer sussurro na paisagem
Seca os lábios da maré e esmaga o dedo de Deus

É inevitável a prisão solitária do amor
Pois age sobre indefesos humanos tolos
Por ter seu início em uma paixão
E por ter seu fim encarcerada em si


Luiz Eduardo Bimbatti
São Paulo/SP - Brasil
Outubro de 2004