terça-feira, novembro 09, 2004

CHAMA

Sei que não respondo pelo meu peito
E que minha boca atende seus anseios
Minhas mãos impulsionam seus desejos
Mas que isso não passa de paixão

Vontade de estar, mas não querer
A todo tempo lembrar, mas não depender
Entrar neste labirinto e não se perder
Pois a paixão é assim: um não ser

Em sua certeza incerta fico seguro
Pois está ela também seguramente perdida
E a chama que em meu peito brota
Pode extinguir-se com um simples sopro de ar

Deste sopro posso fazer uma brisa ou uma ventania
Uma vez que do ar o fogo se faz e por ele se acaba
Cabe a mim perceber a força deste poder natural
Pois tão logo a percebo, domino-a

Dominando-a, posso controlá-la para o que pretender: brisa ou ventania
No caso de provocar ventania, de per si o fogo acabará
Pela desproporção natural de elementos e presença sufocante de ar
Que nem mesmo a mais intensa e furiosa das chamas resiste

Contudo, ao optar pela utilização exata e sensata do condutor
Guiando esta força como brisa suficiente para manter a chama
Fazendo com que jamais se apague e alimente o que chamo paixão
Conseguirei alcançar e desfrutar assim o que chamo amor.

Luiz Eduardo Bimbatti
São Paulo/SP - Brasil
Abril 2003